Largo tudo?
Ou não?
.
Estou pendurado
De cabeça pra cima
Entre o lapso da poesia
E os acordes toscos do meu violão
.
Poxa!
Largo tudo?
Ou não?
.
Odeio filosofia
E tão pouco administração
.
I ai?
Largo tudo?
Ou não?
.
Será que é legal chutar o pau da barraca?
.
Se pensar em dinheiro:
Queimarei escritos, ficarei vazio
E danarei meu violão no chão
.
Se pensar em felicidade: infelizmente
(logicamente por fim!)
Pensarei outra vez em dinheiro,
Não largando tudo, sendo o tudo tão burro, menos o não.
Quero dormir mais e mais
Para estacionar em nada que desejo
Quero antes de dormir não pensar em nada
Para poder dormir em paz
Para não pensar que simplesmente são as sementes que germinaram com o tempo
Fundando assim uma nova árvore-outra árvore
.
Quero ter a história reversa de tudo
Para ter um poema contendo safadas
Quero ter pássaros ao alcance do meu fio
E uma rosa que seja indiferente só para mim
.
Quero cuidar dos meus próprios vulcões
Ter meus problemas instantaneamente restaurados
Junto com minha vergonha cristalizada
Quero realmente ler algum livro que preste
Mantendo-me a procura de um amor completo
De um alguém que não seja cruel na parcialidade
Que talvez seja não tão cruel na sua história no mundo
.
Quero pousar mais uma vez no deserto da terra,
Provar do veneno de cobra
Junto com mais veneno de escorpião
Recitar poemas de solidão
Bem em frente a um rebanho de taradas
Achar um dedo que aponte
Qual o veneno possui a cura no verbo
.
Quero misturar-me as peçonhas todas
Sentir algo negro entrando como cruel ciúme
Afiar punhal ao ler testamento de suicídio
Ser breve ao declamar paixão a quem te bate
Ter enorme desgosto de sentir algo estranho no peito
.
Com tudo, então, mereço uma face negra e lastimável de medo
Um triunfante castelo de ira, traduzido em ódio de mim mesmo
Quero articulação completa da tristeza em dor
Nesse estúpido clima de inadequação
Quero ser cativo de se estar sempre só
Querer estar sempre longe
Saber que centímetros fazem toda diferença
.
Desejo um rio cheio de piranhas
Para nadar e colher perola bem à vontade
E quero que não apareça aviador nenhum para poder me salvar
Muito menos anjos de sentimento de união
.
Pretendo visitar planetas e corpos diversos
E quero ser um príncipe não muito comunicativo-magoado
Queria que minha cabra fosse gorda
E parasse de mugir feito uma vaca
.
Queria que meus sentimentos estivessem todos atordoados
Sendo rápido ao pegar no sono;
Pois no meu mundo solitário, dormir é bem melhor
Para não pensar na possível realidade,
Para nem pensar em querer.
(Poemas de Madrugada 12.02.2010)
Captar-se-á sons,
Onde será preferível conversares com as flores
Mais amores, mais amores, pedem e cantam
Ao sentir no semblante do grupo a musica de estrago das cores.
.
Lixo convincente é,
Ao rever seu escrito
Por que ali na musica quis ser dito
Em um belo poema triunfante – ora,
Sons rastejam nas linhas de celulares e internet
Pendurados por idéias irritantes
.
Merdas, lixos, sons – estão juntos,
As flores murcham com a deliberação do locutor
Melhor ser um estudante falido
Do que um velho ouvinte infame.